terça-feira, fevereiro 27, 2007

diário da morte ao dentista VII

Quando temos dor de dente não há outra hipótese: a vida só pode ser uma merda.
Passei a noite em claro, a gemer com dores na cama, deitado de todas as formas possíveis, sentado de todas as formas possíveis. A circular pelo quarto, de um lado para o outro. A tomar comprimidos Benuron que deixaram de resultar, e a emporcar whiskey para adormecer o dente (o que não adormeceu nem o dente nem a mim). Dormi um pouco já quase às 8 da manhã. Enfim. Estou que não posso.

Depois de ter parado de doer desde quarta-feira. Tal como há uma semana atrás (parece um ciclo vicioso), esta segunda voltou a doer como tudo. Porquê?! Porquê?! Porquê?!!!

sábado, fevereiro 24, 2007

it's time to fly away
it's time to bring the house down
it's that time to forget some dreams,
and start living like there's no tomorrow
abandon your sorrows and let freedom iluminate your spirit

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

formiga e cigarra

É intrigante ver a relação entre um casal de velhos tradicionalistas. O marido espera no sofá pelo almoço. Quando não dá nada de jeito na televisão, levanta-se, mete as mãos nos bolsos, e anda a passear pela casa. Passa pela cozinha, onde vê a mulher a fazer a comida. Manda uma boca do tipo "Está quase Maria?". Ao que ela responde "Ainda falta um pouco Manel". Ele faz uma cara de desagrado, coça a barriga (ou mesmo as bolsas testiculares), e recolhe-se para o sofá. Apetece-lhe ao velho uma fatia de bolo. Chega à cozinha, a Maria está atrapalhada com os tachos e panelas, mas ele chega-se ao pé do bolo, na bancada, olha para ele com gula, e diz: "Maria, serve-me aqui uma fatia do bolo, vá lá, quero petiscar antes do almoço". Maria a Manel vivem em conjunto há uns 35 anos, aparentam ser felizes... Será esta a relação perfeita? Claro... e daí...

let me just be



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it´s raining, again... let me stay in bed, free and no worries or obligations. Thank you

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

dói-me a alma

Hoje doeu-me a alma, motivada pela dor de dentes, mas em grande parte por um estado de espírito de alguém que simplesmente estava mal disposto...

terça-feira, fevereiro 20, 2007

diário da morte ao dentista VI

Melhorzito hoje. Continua a doer. O Benuron ajudou de manhã, quando acordei às 7h20 com dor de dentes insuportável e que não permitia continuar o sono de beleza. Desde daí não tomei mais - a dor não tem estado tão intensa. Enfim, relato de um jovem à beira de um ataque de dor de dentes.

diário da morte ao dentista V

Bendito Benerun, que vieste em meu auxílio, qual Anjo (Angel-A) que me retirou de tormentas que pareciam intermináveis e dignas de um inferno sem fim. Já não me dói tanto. Que dure para todo o sempre... assim espero. O Benerun é a maior criação da humanidade, benditos sejam! Melhor do que o whiskey, para a dor de dentes. Para a dor de cornos é capaz de ser melhor o whiskey. Obrigado senhores, vós que criaram este bemfeitos medicamente chamado Benerun. Torna tudo bene. Aleluia Benerun. Obrigado também à pessoa que me sugeriu o sagrado medicamento e ao outro benfeitor que me disponibilizou de imediato, neste final de noite, o bendito Benerun. Que o Benerun queira que o dente se mantenha sem grandes doses de dor durante muito tempo. Amén.

(assim pude ver o delicioso filme francês Angel-A, ou melhor, acabar de ver...)

diário da morte ao dentista IV

Excruciante. Lancinante. Torturante. Dói tanto...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

o cúmulo

Tentar alimentar-me com uma brutal dor de dentes e a rádio começa a passar Et Si Tu N'exist Pas, de Joe Dassin. Não. Não!!!!!!!!!!!!

diário da morte ao dentista III

Será que se pode morrer de dor de dente?

diário da morte ao dentista II

Parece que estou, permanentemente, sentado na cadeira do dentista. Dói... não consigo comer... quase. Nem consigo saborear seja o que for já. Meto dentro da boca por obrigação.

diário da morte ao dentista

Dói!!! Ai! Mãezinha... dá porrada no dentista mau. Muito mau. Dói-me tanto. E depois de tanto whiskey para adormecer a dor, já estou com uma tosga das antigas. Ui.

dente doente

Poucas dores são tão chatas quanto a dor de dentes. Não estamos bem para fazer nada, para nos concentrarmos, para dormir, para comer, para ler, seja para o que for. Dói e mói. Dói e vai doendo. Rói e vai roendo a paciência. É por esta altura que fico com ódio ao simpático dentista que nunca mais termina o serviço, que vai adiando o sofrimento final. Questiono-me mesmo se haveria necessidade de maltratar tanto o meu dente, ao ponto de trazer sofrimento onde não existia sofrimento. E nunca mais termina o serviço. Dói e remói. Vou buchechar com whiskey para ver se a adormece a dor (soluções da infância que pareciam resultar).

sábado, fevereiro 10, 2007

o coveiro dentista

Idas ao dentista podem ser tão dolorosas quanto introspectivas. É uma forma estranha de nos colocar em contacto com a realidade, aquela que nos mostra o quão humanos e mortais somos. Ter alguém a perfurar uma das nossas cavidades dentais pode facilmente colocar a nossa vida em perspectiva. Uma broca num dente mostra-nos que aquele dente e cavidade respectiva não vai durar para sempre. Em breve não seremos nada mais do que uma carcaça velha e à espera da terra. Incrível como uma ida ao dentista pode suscitar esta consciência estranha e que parece estar apagada a maior parte do tempo.


Para a semana vão colocar-me um parafuso pelo dente adentro. Ui. Até me já está a doer!!

in the woods


in the woods
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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

chamar nomes

Um jogo de futebol serve para bem mais do que ver um jogo de futebol. Um jogo de futebol visto no estádio serve bem mais do que sentir o calor humano, a energia de milhares de pessoas concentrados e torcedoras, o cheiro do relvado e a competição à sua superifície. Um jogo de futebol no estádio serve para dar aso à imaginação que mais não seja para soltar o mojo acumulado e inventar novos nomes, para chamar a quem está no campo, só pelo gozo disso mesmo.

voU nasceR de novO

Vou gritar até não poder mais, aos ouvidos de quem não queira ouvir. Vou pregar partidas cruéis e maquiavélicas, a todos os que se atravessarem no meu caminho - e àqueles que não se atravessarem também. Vou insultar e espezinhar um amigo. Vou lamber e morder um teu gato, e o meu também. Vou fritar o teu cão, o meu não. Vou fornicar a tua avó, e a minha também. Vou cagar no teu ouvido, e no meu também. Vou criar um mar de chamas, a consumir a humanidade. Vou chacinar um grupo de cães humanos. Vou. Vou. Vou. Vou criar um novo blogue digno de um diabo, o verdadeiro. Shiu, é segredo.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

nome próprio

Cresci e comecei a trabalhar numa empresa. Passei de ser chamado pelo meu nome próprio ou por uma alcunha inventada durante a faculdade, para começar a ser chamado pelo meu último nome. Agora, quando não me conhecem dizem o meu nome profissional completo - que até é pequeno -, quando me conhecem têm tendência a tratar-me pelo meu último nome.
Para ser sincero irrita-me um pouco. Sempre pensei que só o meu pai era conhecido pelo seu último nome, nunca pensei que me viessem a tratar apenas por isso, mesmo quando já há confiança de trabalho. Foi algo que me surpreendeu quando passei a trabalhar numa empresa.

Por tudo isto, cheguei à conclusão que o melhor é ter um último nome profissional composto - com mais do que uma palavra. Se me chamasse Ricardo Araújo de Pereira, por exemplo, dificilmente haveria alguém que já me conhecia e me trataria por Araújo de Pereira. Por exemplo: "Ó Araújo de Pereira, como vai isso?" Não. Não me parece muito provável, até porque seria um desperdício de palavras bastante significativo - a verificar pela quantidade de vezes que, nos últimos tempos, chamam pelo meu nome.

xpto zzdo

"Boa tarde, era possível falar com XPTO ZZDO?"
"Bom dia, daqui fala XPTO ZZDO, do OOPDO, para falar com..."
"Boa tarde, fala XPTO ZZDO, queria saber se..."
"Olá, é XPTO ZZDO, do OOPDO. Tenho algumas perguntar para lhe fazer sobre..."
"- Era possível falar com JHOP? - Quem devo anunciar? - É XPTO ZZDO. - E de que empresa? - Da OOPDO. - Vou passar... ah, e qual é o assunto? - Fazer marcação de..."

Estou farto do meu nome. É definitivo. Pretendo vendê-lo ou dá-lo a uma instituição de caridade - se o quiserem. Estão constantemente a chamar-me por ele - o primeiro e o último - e estou constantemente e ter de o utilizar para me identificar. Dezenas de vezes todos os dias. Há alguns em que acho que chegam a ser centenas de vezes em que ou eu utilizo o nome ou alguém o utiliza por mim. É angustiante. Só de pensar que houve uma altura da minha vida em que até gostava do raio do nome. Tem dias.