Jogar à bola no campo é como aprender a andar. Primeiro custa, depois melhoramos, e finalmente não queremos outra coisa, tornando-se algo que nos acompanha toda a vida.
Jogar à bola no campo tornou-se uma espécie de terapia para mim desde tenra idade. Os adversários são imaginários, já que 90% do tempo jogamos sozinhos. As balizas também são fruto da imaginação, e o mesmo acontece com as vitórias e os títulos.
Jogar à bola no campo acompanhou-me na Primária, quando vinha para casa e fintava as ervas daninhas, as árvores e afins. Bem como no Ciclo, quando falava com a bola sobre o que seria o amor. O mesmo aconteceu no secundário, quando fazia autênticos campeonatos pelo chão de terra, pelos arbustos e com as paredes. Era um grande campeão neste mundo imaginário, que sempre me acompanhou desde que comecei a andar.
Jogar à bola no campo ajudou-me a relacionar-me com o meu irmão, sentir-me bem em ensinar-lhe um ou outro truque. Joguei à bola com ele pouco depois de ter começado a andar, quando eu tinha os meus 17/18 anos. Joguei com ele quando ele já corria bastante e pouco me via, estava eu na faculdade, e ele na Primária. Jogo com ele hoje, e nos dias que correm já é ele que corre mais do eu, já é ele que me ensina uns truques, já é ele que actua num escalão de formação e sou eu que tenho dificuldades em me manter em forma.
Jogar à bola no campo era a terapia que me tranquilizava antes de um teste importante. Era o momento zen antes do teste. Era a pausa física durante do estudo, que me ajudava a concentrar e me tirava alguma da tensão do corpo. Recordo-me que associava aqueles momentos que me ajudavam à concentração a um filme, Uma Questão de Honra. A personagem de Tom Cruise tinha uma bastão de basebol que o ajudava a pensar, a concentrar-se, eu tinha os meus momentos com a bola, um campo e uma parede. Quando cheguei à faculdade e passei a viver na cidade, Lisboa, deixei de ter o meu momento... e isso custou-me mais do que eu pensei na altura.
Jogar à bola no campo fez por mim bem mais do que ajudar a melhorar o meu jogo. A minha imaginação tornou-me campeão dos campeões, craque dos craques, marcador de golos inesquecíveis, conquistador de troféus apetecíveis.
Jogar à bola no campo faz parte de mim.
* Se Fernando Assis Pacheco foi craque na sua Rua Guerra Junqueiro, eu cá fui craque no campo, ali para os lados do Casal do Lavradio, Caldas da Rainha.
Para quem quer descobrir e sentir. Quem quer conhecer outras formas de vida e de pensamento, melhor ou pior.
Quem = serEmot futuro.
O que interessa?
Tensões na mente de serEmot
domingo, março 22, 2009
domingo, março 08, 2009
a selva urbana
O dia-a-dia consegue tornar-me dormente. Vou na estrada com a naturalidade, o hábito, a rotina e o à vontade da dormência. A rapidez e pressa é constante, mesmo quando não há propriamente pressa. O carro é um meio para um fim. Chego a não me lembrar dos momentos da condução, mesmo quando apanhei algum susto, por norma provocado por condutores que se atravessam pela frente com grande brutalidade e sem qualquer sinalização. A estrada é um meio para chegar a qualquer sítio. Esqueço-me diariamente que também é uma selva, onde se pode ficar preso (todos os dias alguém fica preso nela).
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