quarta-feira, maio 21, 2014

a love letter to my portuguese West

Um pequeno vídeo tolo fez-me lembrar como foi bom crescer nessa bela localidade que é as Caldas da Rainha (onde incluo ainda o Oeste de Portugal).

Aqui ficam memórias caldenses. 

Sair da escola e passear pela rua das Montras, ver as babes, ir à Praça da Fruta, passar pelo Parque (onde se jogava ping pong ou se apanhava molha em passeios de barco agitados no Verão).0
Iir à Upacal e comer um salame, ou passar pelas lojas do Parque, levar uns deliciosos Beijinhos. Ou, no Verão, ir experimentar os sabores novos na gelataria Puzzle (e ainda ver as novas figuras com pénis XXL prontos a sair de fora ao mero puxar de um cordel).

No Verão, a malta ia quase todos os dias de bicicleta até à praia: o Alto do Nobre era a subida de montanha da viagem; a fonte dos Namorados era o ponto de paragem obrigatório para esperar pelos lentos e beber água, no caminho até à Foz do Arelho - 15 quilómetros para cada lado que envolviam uma corrida diária entre os presentes, claro.

Nesses mesmos verões, sempre que queríamos fazer mais uns quilómetros de bicla, metíamo-nos pelo verde Nadadouro, com vista para a Lagoa de Óbidos, ou pelos caminhos menos conhecidos (de subidas complicadas) até ao meio da Estrada Atlântica (entre São Martinho do Porto e a Foz).
Certos dias íamos no autocarro saltitante estilo "mar alto" das Caldas até à Foz, onde havia sempre gente conhecida e o Ricardão não perdia oportunidade de assustar alguma miúda com o seu olhar fixo pseudo-sensual.
Na Foz - onde o ponto de encontro era sempre "junto à Bandeira" - jogava-se à bola umas horas, via-se as babes, dava-se mergulhos criativos (por vezes dolorosos) na Lagoa e combatia-se as ondas rebeldes durante horas no 'mar'. Muitas vezes (já sem o Lipinho na praia) só saíamos com o pôr do sol - lembras-te, Robert Charruadas?

Aos fins-de-semana podíamos ir de carro até Peniche, apanhar o barco até às Berlengas (fiz isso vezes a menos!).
Mais frequente foi: ir em famelga e de farta merenda na carrinha do meu Tio Zé almoçar no pinhal do Outro Lado da Foz. Depois do almoço que envolvia frisbees, cartas e afins, a tarde era passada na gigante Praia Del Rei, onde haviam nudistas lá ao fundo e o areal (com riachos com ligação ao mar pelo meio) parecia não ter fim. Por lá lembro-me de jogar aos Gladiadores Americanos ou aos penáltis com o Nuno Vinhais, de jogar raquetes até cair para o lado com o primão André Ramalho ou o daddy e de ficar vermelho, estilo Índio, como um pimento.
Quando havia vontade de fazer mais do que 20 quilómetros e ir para a confusão, íamos ao Baleal aproveitar aquele mar perfeito (entre o calmo e o ondulado o suficiente para o surf) e areal delicioso.
Mais tarde, já andava na faculdade em Lisboa, comecei a frequentar com a malta aos fins-de-semana ou nas férias Supertubos. Passou a ser a praia de eleição no Oeste, mais calma, com boas ondas e relativamente perto.

Voltando atrás, aos tempos de Secundário: em Agosto, nos verões em que não ia aprender a trabalhar com o meu Tio Júlio, ou descansava na loja do meu avô a fazer descontos a clientes, a ler as edições desde 1970 da TV Guia ou os desportivos sobre os milhares de reforços do Benfas, ou em alternativa juntava-me à (fictícia) Associação Sindical do Apanhadores de Pêra Rocha Universitários do Oeste.
Na Pêra, em plena aldeia da Sobrena, os dias começavam pelas 8h em ponto - a viagem começava pelas 7h20 a partir das Caldas, no Fiesta preto do Sérgio, com tudo ensonado.
Depois de boas histórias partilhadas, muita pêra comida, apanhada e atirada violentamente para os vários jovens camaradas da Pêra, o dia chegava ao fim com arranhões nos braços e pernas - a malta era acrobata nas Pereiras - e bronze à pedreiro (ao almoço havia um 'endireita' disponível).
A viagem de regresso de Fiesta pela mítica Nacional 1 era mais animada: envolvia corridas de carros, rabos à mostra para quem ia de mota (o Ruben era a vítima), buzinadelas para os velhotes que iam junto à estrada (cumprimentavam-nos sempre!) e conversa na língua russoviesky, onde o grande Cardozo era especialista doutorado.

'Olhando' para trás, penso:Jim Morrison é que tinha razão: «Carry me, Caravan, take me away
Take me to Portugal...»    «The West is the Best». 

E para mim confirma-se: o Oeste é melhor, pelo menos para mim foi.

terça-feira, maio 20, 2014

sortido de memórias

Ando constipado. Dor de garganta, tosse, um pouco de febre, the works. Nestas alturas lembro-me sempre dos remédios milagrosos e naturais da minha mãe que havia lá por casa. Chupar metade de uma fatia de limão com açúcar ajudava à dor de garganta. A calda da cenoura embebida em açúcar ajudava à tosse e até saboroso era.
Para a dor de dentes, bochechar com aguardente ou whisky ajudava. Saudades.
Fora de doenças, Sopinhas de Leite (delícia), Gemadas e um mix de gemada com farinha (massa se bolo) eram presenças gastronómicas à noite ou de madrugada.