sexta-feira, abril 15, 2011

Untitled

Untitled by virginiaz
Untitled, a photo by virginiaz on Flickr.

obituário

amanhã começo a escrever o obituário dos meus 30 anos de vida (não tenho mais, até ao momento, tirando uns dias para a amostra), em formato de monte de folhas, espera-se. nenhum dos últimos 30 anos volta mais, são passado e tornaram-se isso mesmo no dia x de Abril. agora resta deixar-lhes um bom texto de despedida ou homenagem, focando um ou outro momento desses 30 círculos de 12 meses, uns mais conscientes do que outros.


PS: tal como qualquer português/político que se preze, começo hoje por prometer, sem qualquer certeza que vá cumprir. o mais provável é não passar de uma intenção nocturna, que passa com a chegada do primeiro sono da noite e o lento acordar da manhã.

segunda-feira, abril 04, 2011

só pode melhorar

Passei parte das últimas 48 horas a ouvir pessoas diferentes, nas suas casas, a contarem um pouco do que pensam, do que esperam da vida, das condições que têm e do que sofrem. Curioso como algo profissional, se torna tão pessoal quando as estórias de vida têm uma voz e uma cara. É uma sensação estranha que me faz (re)pensar a forma como encaro a vida em geral e a categorização que vamos ocupando ao longo dos anos e das circunstâncias.
Solteiro, casado, viúvo, junto em união de facto, com ordenado chorudo, com reforma de 200 euros miserável, desempregado mas com sonhos, a idade, a escolaridade, o medo de perder o emprego, a satisfação total por receber a horas o ordenado, o número de pessoas com quem vivemos... As categorias não nos deviam definir, na verdade não definem totalmente, mas que condicionam profundamente, disso não tenho dúvidas, a julgar pelo que vou ouvindo - uns mais do que outros, umas nacionalidades/culturas mais do que outras.
O sorriso nos lábios de alguém, feliz por poder comunicar com outra pessoa que quer ouvir e dá alguma atenção é tão bonito como triste. Como dizem dois brasileiros (já com nacionalidade portuguesa) que conheci hoje, "a vida só pode melhorar, nem que seja por estarmos vivos e podermos continuar para a frente, a viver".

precisas de mim? então vou ali e já venho

Porque é que o acto de ir ao café ou comprar tabaco e nunca mais voltar à família é TÃO maioritariamente masculino?
Hoje as 'fugas' da família talvez não repitam tanto o cliché, mas acontecem. Tipo: "Estou farto de vocês, não lhes consigo dizer na cara. Piro-me definitivamente alegando que vou fazer algo corriqueiro e parto para outra vida."
É o desejo masculino de não se sentir preso a nada?
Dificilmente será porque a mulher bate no marido... (embora exista violência verbal, psicológica e sentimental...)
É o desejo masculino mais propenso à desistência nas relações?
É o homem menos capaz de cumprir/assumir um compromisso? Claramente (em maioria)... sim.

eu sou... ... tem dias.

- sou desempregado, mas faço uns biscates, tenho a ajuda da família, podia ser mais feliz

- sou divorciado, estou com os meus filhos fim-de-semana sim, fim-de-semana não, pago pensão de alimentos choruda, trabalho sábados e domingos ocasionais para poder pagar as contas, podia ser mais feliz

- sou viúva, vivo com o meu gato e o cão, tenho uma reforma de 300 euros, tenho as minhas rotinas, podia ser mais feliz

- sou trabalhador por conta de outrem com um bom ordenado, tenho uma boa casa e posso manter um estilo de vida com férias para sítios agradáveis, com boas vistas e actividades, dar o melhor à família e a mim, tenho sorte por estar assim, vou sendo feliz.

em alturas de crise, o dinheiro parece ajudar mais um bocadinho na hora de ajudar a dar felicidade. pelo menos não há desculpas mentais para não ir... e viver/gastar.