terça-feira, novembro 30, 2004

e tudo acabou - - -

Porque é que nos apegamos tanto a certas coisas materiais?!?!?!?

Não, não estou propriamente a falar das coisas que são mais caras, que custaram-nos mais dinheiro ou que têm mais qualidade...

Estou mais a referir-me às pequenas coisas, que não só já não tem grande valor, como têm problemas provocados pela muita utilização e a velhice. Aquelas COISAS que têm um valor sentimental, não por serem queridinhas ou fofinhas, mas por fazerem parte da nossa história, de diferentes percursos que fomos tomando nas nossas vidas. São COISAS a que nunca pensámos ficar apegados, não propriamente bonitos e muito menos motivo de orgulho, mas que estiveram lá, em tantos momentos, foram importantes e atravessaram diferentes épocas das nossas vidas.

E o que é que é, neste caso em particular?
História de uma motinha (coisa) que mudou uma vida
Uma pequena Scooter, velha, gasta, feia e que pede há muito tempo pela reforma. Nascida no ano de 1994, com matricula LRS - respeitante ao concelho de Loures -, teve uma vida difícil. A sua dona (residente em Póvoa de Santa Iria da Azóia), ao cair com ela, numa rotunda, decidiu não pegar mais nela e acabou por deixá-la guardada durante um ano ou dois, após isso surgiu um rapaz que acabou por ser obrigado a comprá-la, quando nem era aquela que tinha em mente. Era verde escura, nada bonita e muito menos estilosa. Apesar de não ser a mota dos seus sonhos, o jovem novo dono sentia-se bem por ter um meio de transporte para poder ir para a sua Escola Secundária Raúl Proença, nas Caldas da Rainha, sem a boleia dos pais todos os dias, para ir, e vir. Era uma liberdade fantástica, para além de poder andar de mota acabar por ter sido uma paixão que descobriu. Teve de tirar a carta numa escola de condução, de mota de 125 cilindrada, para poder ficar logo com o código para a carta de carro, já feita. Depois de passear numa bonita e nova mota de 125 cilindrada, o jovem voltou à sua motinha para o dia a dia. Certo dia o jovem foi viver para Lisboa, para poder tirar uma licenciatura numa universidade que até se chama nova. Deixou a sua mota, na cidade natal, onde só a utilizava de meses em meses por brincadeira. A irmã do jovem, mais nova, começou a tentar conduzi-la, apenas por poucos metros. Terminado o curso, passados 4 anos, o jovem vai estagiar para uma rádio lisboeta, que gosta de se ver relacionada com as telefonias sem fios. Devido à rádio ficar numa zona junto ao rio, chamada Matinha, com poucos transportes públicos, o jovem decide abraçar a velhinha mota e trazê-la para Lisboa. Durante um ano e dois meses o jovem andou todos os dias com ela, em Lisboa, por entre sol, chuva, temporal, muito vento, pisos escorregadios, muito trânsito...
nos últimos meses, desde Março, o jovem fazia por dia de 50 a 80 km com a sua pequena motinha. Desde Março, manteve várias vezes, em muitos meses, dois empregos, pelo que a distância e o número de horas que andava de motinha por dia ia aumentando. Desde Setembro o jovem passou a andar diariamente num cubo lisboeta, entre Benfica, Arroios, Parque das Nações e Algés - que a meio de Novembro se tornou Carnaxide. Tudo destinos bem afastados.

02h20m
Numa certa madrugada de Domingo para Segunda, o jovem vem com a sua motinha de Carnaxide, desesperado para ir para casa, após ter estado a trabalhar até tarde no jornal (o seu segundo emprego, desde Setembro), a pensar nos seus lençóis na Calçada de Arroios. Todo o seu percurso de anos, entre si e a sua motinha muda quando, numa ponte matreira, com socalcos altos entre as junções das diferentes placas da ponte em Algés, o jovem ao começar a descer - ia devagar - num dos socalcos, a motinha derrapa no piso molhado, pela chuva de há uns minutos atrás, e o jovem vem embrulhado com a mota uns bons metros a escorregar pela descida de pequena ponte. A motinha fiel e companheira de tantos anos, e momentos, ficou com a roda da frente totalmente torta e em muito mal estado. O jovem, que veio a descer embrulhado nela, não queria acreditar, como a mota escorregou e saiu debaixo do seu corpo, arrastando-o durante alguns metros. Ao contrário do que aconteceu à mota, o jovem teve a sorte - bem grande - de não ter tido sequer um arranhão. Teve a sorte de vir com luvas polares, que protegeram-lhe as mãos, que esfregaram durante uns metros no alcatrão. Ficou com um bolso das calças destruido e pouco mais. Se viesse depressa o jovem teria embatido com estrondo nos rails da ponte, que ao descer ainda fazia uma curva, e teria-se magoado a sério. Imobilizado no meio da ponte, com a mota ao seu lado, o jovem olha para trás e só pensa em TRÊS coisas --- "ISTO NÃO ME ESTÁ A ACONTECER... COMO É QUE ISTO ACONTECEU?!?... SE NÃO SAIO DAQUI DEPRESSA COM A MOTA, VOU SER ATROPELADO...
Com este pensamento o jovem utiliza todas as forças que lhe restam, que nem sabia que tinha, para pegar na mota pesada até uma zona onde exista lancil, de forma a sair do meio da estrada. Com as rodas imobilizadas, sem rodar nem ajudar, o jovem teve de pegar e arrastar a mota. Apenas ficou com o corpo durido da queda, e do essencialmente do arrastar da mota. Ficou no jovem uma adrenalina negativa impressionante, com o sangue a correr pelas veias com uma força imensa. Uns exercícios, no meio da relva, mesmo junto à Torre de Belém, para tentar ver se estava todo inteiro e o resto foi reboque e tristeza. Ao olha para a mota, o jovem sente-se triste, não só por deixar de ter transporte, tão importante para a quantidade de coisas que fazia, como também por olhar para a mota, agora, como algo morto. Que morreu... estava ali, aleijada e como que inutilizada. Ao deitar-se à 4h da manhã, daquele dia 29 de Novembro, o jovem sentiu-se diferente, como se tivesse acordado para um outro estado de consciência. Algo mudou na sua vida, e a sua pequena motinha, mais parece agora um ser, que viveu e acabou por morrer naquela noite.

E como a vida dele ainda continuou, às 8h30 do mesmo dia, o jovem estava a entrar no seu primeiro emprego do dia, na bonita Vodafone.

sábado, novembro 27, 2004

fan ta sia - ma gia

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHAHHHHHHH AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHH!
AHAHAH!!!!
Ah! Ah! Ah!

Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah!

Um momento de loucura instantânea é sempre de salutar.

Junta-se um pouco de cria tividade. Uma pitada animosidade e uma enorme amálgama de FANTASIA!
Temos, serEmot

fotos by emot

A procura incessante de Raquel

by serEmot

A sala está cheia de pessoas com os olhos arregalados, a observar avidamente para as peças de roupa que começam a diminuir de minuto a minuto. A secção feminina é sempre a mais requisitada nesta altura natalícia (e não só) e também a mais extensa numa sala com tantos atractivos decorativos próprios da publicidade mágica e ilusória que enche todas as paredes, fazendo com que pareça que não se está numa sala qualquer.

"Raquel, anda lá! Não consigo continuar a andar de roupa em roupa, estou farto de tanta compra, vamos!", persiste um jovem que tenta convencer a namorada a parar. A concentrada Raquel nem olha para o seu "mais que tudo", mantém os olhos "colados" nas meias de marca neste expositor, nas malas lá ao fundo, nas luvas que estão mesmo ali ao lado, nas collants que lhe parecem tão engraçadas e dão tão bem com aquele conjunto. Nada a demove do objectivo de comprar o que esteticamente está mais na "moda", nada lhe tira o pequeno sorriso ao olhar para todas aquelas riquezas que custam dinheiro mas lhe dão felicidade.

Para Raquel é como procurar um qualquer Santo Graal. Ao descobrir uma peça que junta todos os requisitos o sorriso estende-se numa alegria imensa que preenche aqueles segundos de concretização.
É uma alegria éfemera, a de Raquel. Há sempre algo mais a comprar, a completar e a abrilhantar. Não existe propriamente uma concretização final na procura incessante consumista feminina.

O namorado da intensa Raquel vai bufando com cara de poucos amigos, entre uns olhares para o tecto e para o chão... lá acaba por sorrir levemente quando a companheira lhe mostra com o maior contentamento do mundo aquela camisola que procurava há tantas semanas, que combina com uma tal saia azul que lhe ofereceram no aniversário. Raquel e o namorado saem pela saída principal deste centro consumista espanhol com nome de influências inglesas. Ela leva dois sacos na mão, respeitantes às suas novas meias até ao joelho com características quentes para esta altura tão fria do ano e à sua nova blusa justa e fina a pensar nas estações do ano que se avizinham, ele leva uma seca descomunal que aguentou quanto possível. Ambos levam também duas horas de procura incessante...




domingo, novembro 14, 2004

:: o caminhar do contador de histórias ::



> Na passada quinta-feira, passou na Dois no programa do Clube de Jornalistas uma entrevista bastante "apetitosa" a Miguel Sousa Tavares, que nem costuma aparecer em programas que não lhe pagam ou que têm pouco protagonismo. O jornalista/escritor não só explicou que adora escrever, contar histórias - disso é exemplo os vários comentários, crónicas e livros que já lançou em domínios tão distintos - como falou no jornalismo actual e na sociedade actual.

Lá pelo meio falou por livre iniciativa (sem responder a nenhuma pergunta) na insuficiência de apoio e educação que os jovens jornalistas têm nas redacções actualmente. Deu o exemplo do seu tempo, em que havia um apoio incondicional para explicar como contar histórias, como sentir a escrita e colocar-nos do ponto de vista do leitor, nem que seja a ler de uma forma diferente (mesmo físicamente) o seu próprio texto, para ver se corresponde ao que é a sua própria concepção de uma história bem contada. Apesar do talento ser interior também é preciso apurá-lo e a orientação é fundamental, ora, MST explicou que nada disso acontece nas redacções agora, onde os jovens são "colocados de pára-quedas" sem qualquer apoio. É sempre positivo e interessante ver esta perspectiva de um homem que se admira pela sua versatilidade e talento cria tivo.

in Clube de Jornalistas (site): "O escritor e o jornalista: "(...) O jornalismo ensinou-me como é que se conta uma história (...). Gosto de escrever (...) nem que seja fazer palavras cruzadas (...). Um dos grandes problemas do jornalismo é o abandono miserável dos jornalistas novos nas Redacções (...)."
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Há duas frases de Miguel Sousa Tavares, que não só me fascinam como uma delas se tornou de tal forma célebre que hoje é utilizada por muitas pessoas. O engraçado (que não tem piada nenhuma) é que a grande parte das pessoas que conheço sabem que é de Miguel Sousa Tavares, mas uns dizem que foi uma homenagem que ele fez depois da mãe, a poetisa Sofia de Mello Breyner morrer este ano, outros não fazem ideia de onde vem...

"Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

A verdade é que esta citação é do livro de crónicas de MST "Não te deixarei morrer David Crockett", e por acaso desde o momento em que a li (no ano em que saiu o livro) que me ficou na memória...

"Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, cala-te."

Esta é outra frase do mesmo livro que não esqueci ... e nem tenho muito o hábito de fixar citações...

E porque não ver uma entrevista feita por mim a MST para o suplemento do Público Y, em Janeiro deste ano... isto depois de uma tentativa de inquérito (não quis responder naquela altura) após a saída de Marcelo da TVI em Outubro, e um inquérito que consegui fazer já em Novembro sobre outras questões.
- Miguel Sousa Tavares... e o seu Deserto Interior

in Estagiários Jornalismo, by serEmot

quinta-feira, novembro 11, 2004

o futuro no polo norte


Vemos aqui o Polo Norte (às escuras) e as zonas circundantes repletas de luz das cidades... uma visão fascinante numa imagem da NASA.


Um barco de pesca navega por Ilulissat fjord, 250km a norte do ciclo Ártico. O degelo da superfície gelada do Ártico pode no futuro abrir uma nova via marítima, ao criar uma rota para os navios navegarem entre a Europa e a Ásia e poderá tornar-se num abrigo da pirataria e do terrorismo.
Foto: AFP/File/Slim Allagui

terça-feira, novembro 02, 2004

1000


Talvez como um touro galopante continue... aqui.

Este meu pequeno cantinho já atingiu 1000 visitantes (dos quais 990 devo ser eu... maybe). A quantidade não importa, mas como balanço, que até poderia ter feito quando o blog fez um ano no início de Agosto, não pensei que durasse tanto!
É verdade. Chegados ao final de 2004 a vida continua a ser imprevisível. A confiança já foi mais elevada e já fiz coisas mais interessantes. Mas não se está mal de todo. Há que organizar e acreditar no futuro:

Poeta
Letrista
vocalista
realizador de cinema/spots/videoclips - actor - director fotografia - cameraman - sonoplasta - produtor...
Criativo - publicidade - textos humoristícos - argumentos de cinema
livro (literatura, my way)
jornalista - programa de entrevistas (música, cinema, viagens, arquitectura) - opinião... TUDO.

Benvindos ao meu pequenino universo...

Ártico visto do espaço


Reparem nas luzes das cidades na zona para baixo do Ártico.

This undated composite image from NASA shows a fully dark (city lights) full disk image centered on the South Pole. Greenhouse gases have contributed to a gradual warming of the ecologically-fragile Arctic region, causing massive climate changes, including melting glaciers and sea ice, according to a soon-to-be-released environmental study.(AFP/NASA/File)