Passei parte das últimas 48 horas a ouvir pessoas diferentes, nas suas
casas, a contarem um pouco do que pensam, do que esperam da vida, das
condições que têm e do que sofrem. Curioso como algo profissional, se
torna tão pessoal quando as estórias de vida têm uma voz e uma cara. É
uma sensação estranha que me faz (re)pensar a forma como encaro a vida
em geral e a categorização que vamos ocupando ao longo dos anos e das
circunstâncias.
Solteiro, casado, viúvo, junto em união de facto, com ordenado chorudo,
com reforma de 200 euros miserável, desempregado mas com sonhos, a
idade, a escolaridade, o medo de perder o emprego, a satisfação total
por receber a horas o ordenado, o número de pessoas com quem vivemos...
As categorias não nos deviam definir, na verdade não definem totalmente,
mas que condicionam profundamente, disso não tenho dúvidas, a julgar
pelo que vou ouvindo - uns mais do que outros, umas
nacionalidades/culturas mais do que outras.
O sorriso nos lábios de alguém, feliz por poder comunicar com outra
pessoa que quer ouvir e dá alguma atenção é tão bonito como triste. Como
dizem dois brasileiros (já com nacionalidade portuguesa) que conheci
hoje, "a vida só pode melhorar, nem que seja por estarmos vivos e
podermos continuar para a frente, a viver".