00h15 – 01-05-2006
Sinto que tenho algo a dizer, a exprimir.
Por um lado, há sempre a teoria de que precisamos de deixar a nossa marca no mundo. É um pouco por isso que quase todas as mulheres querem ter um filho – umas admitem com veemência esse facto, outras negam em certa medida, mas no interior… querem tê-lo. Os homens também sentem isso, a necessidade de ter um filho, de modo mais recatado. É uma das formas mais primitivas de sentirmos que deixamos algo para trás no mundo. Desde há uns milénios para cá, no planeta Terra, os animais, ou muitos deles pelo menos, têm tentado impor-se. Fosse para conseguir comida, maior respeito pelos pares ou, no caso dos humanos, para se imortalizarem de alguma forma. Talvez seguindo essa génese humana, sinto várias vezes, a necessidade de escrever sobre mim e a minha vida. Primeiro, começou por ser apenas para mim, aliás, sempre foi apenas para mim, com uma condicionante paradoxal: no fundo, havia um objectivo secreto e só por vezes pensado, de que era para alguém, mais tarde. Que algo que escrevi sobre um momento meu teria a mesma importância que tinha para mim na altura para alguém num futuro próximo... Estranho? Sem dúvida. Complicado? Mais ainda. Mas era o que sentia. Hoje escrevo como forma de me libertar desses mesmos pensamentos.
Encontro uma comparação esquisita – normal em mim: A personagem de Dumbledore, no livro/filme de Harry Potter, utiliza algures uma espécie de recipiente para guardar os seus pensamentos/memórias, ao longo do tempo. Para ele, seria uma forma de libertação e ao mesmo tempo de recordação garantida. Com a escrita eu fui, de modo bastante moderado, o mesmo. Digo moderado porque há quem escreva muito mesmo. Eu sempre escrevi pouco, mas sempre foi libertador e sempre quis escrever muito mais do que o fiz na realidade.
Voltando ao facto de que tenho algo a exprimir. Actualmente considero-me um pouco limitado. Isto porque no que se trata a escrever a pensar num filme ou série de tv, as primeiras ideias que me surgem na cabeça, saltam mesmo com a maior das impulsões, são as minhas memórias. Mas ser criativo é poder adaptar e criar outras histórias e ideias. No entanto, encontro-me em fase de tentativa de explorar o meu lado criativo de escritor/argumentista/idiota. Preciso de arregaçar as mangas, e abraçar esta fase com prática, muita prática, algo que não tenho feito! As ideias ainda vão surgindo, a prática, essa, é que escapa. Mãos à obra, tu!