terça-feira, outubro 25, 2005

futuro em alta

120 escudos. Aquilo que não dava para comprar com 120 escudos há uns anos atrás. Hoje senti-me aquilo que sou, um rapaz nascido no século passado. Mas mais do que isso, senti-me um rapaz nascido há um século.
Fui a uma padaria aqui perto de casa comprar dois pães (ou papo-secos - que belo nome, vem assim na Infopédia) caseiros, pequenos, e o preço foi: míseros 60 cêntimos. Uma pechincha, para quem estaria a pensar em comprar um bolo ou um pão com queijo num café, mas numa padaria custar este preço é um ultraje.
Chamem-me antiquado, velho peidolas, senhor dos sete ventos (ok, acabei de inventar esta), ou mesmo bota pastilha (prefiro pastilha a elástico), mas com 60 cêntimos, há 10/15/20 anos atrás, eu comprava dois bolos! Faz confusão à mente frágil do jovem forreta ver preços deste tipo em dois bocados de massa (farinha acima de tudo) cozida. 120 escudos era muito dinheiro no meu tempo, naqueles saudosos anos 80 e 90. Ai que loucos, inspirados e baratos eram os anos 80 e 90... já lá vai tanto tempo, tantas pessoas que já nasceram desde então - o meu irmão, a minha irmã. Sinto-me como se tivesse nascido no princípio do século passado - falta-me a bengala, é certo, mas os preços parecem corresponder. Enfim, dizia o jasmim a mim.

Vivemos num futuro em crise. Depende da vida que vivemos, das coisas que fizémos e fazemos, tivémos e temos.


Local do crime: Rua Alves Torgo - Arroios (ATENÇÃO: local onde não se deve comprar pão)