Graças ao deus dos automóveis (seja lá o que isso for) que há muitas
marcas e modelos diferentes, com designs e estilos bem distintos. Tive
uma visão aterradora ontem, enquanto passeava numa das maiores fábricas
de automóveis da Europa - a da Seat, de Martorell, na zona de Barcelona.
E se todos os carros fossem iguais, da mesma marca e praticamente do mesmo modelo?
O que vi não foi bonito. Mesmo com carros bem desenhados e modernos como
os Ibiza e Leon que se vêem aos milhares dentro e fora da fábrica da
Seat, a constância de carros iguais é um enjoo doentio e cansativo.
Há um certo cinzentismo perturbador numa sucessão de automóveis
totalmente iguais. Se na teoria existir um automóvel tipo para todos,
uma linha de roupa para todos (e com as 'modas' isso até se vê, muitas
miúdas e miúdas parece saídos da mesma página de catálogo fashion,
inclusive nos penteados), ou outro tipo de acessório humano, pode
parecer lógico, ver isso na realidade é simplesmente demasido castrador e
limitado.
Existem produtos mais pequenos (no espaço que ocupam na rua e na
sociedade) que um carro e menos pessoais do que a roupa que vestimos que
até podiam ser todos padronizados e iguais que não daríamos muito pela
repetição constante. É possível que sim (vou arriscar e dizer a Apple e
alguns dos seus produtos). Mas se os iPhone passam mais despercebidos,
uma sala cheia de MacBooks também pode ser um exagero masturbatório de
igualdade tecnológica... só maçãs iluminadas umas atrás das outras.
Ainda assim uma visão bem menos surreal e intensa que dezenas de carros
iguais por todo o lado. A diversidade automobilística é saudável, bem
vinda e desejável não só no estilo próprio de cada marca mas também no
propósito de cada modelo, entre o pequeno citadino, o sonoro e agressivo
desportivo e o gigante monovolume.