sábado, abril 02, 2005

cheiro de terra molhada



14h14. Acordo com a cabeças a andar às rodas, não literalmente (acho eu). Ouço o barulho forte da chuva a cair junto à minha janela. Está tudo muito escuro para esta hora do dia. Levanto-me com algum sacrificio. Abro a porta do quarto. Tudo muito escuro e com ausência total e completa de vida, humana ou de qualquer outra espécie. Vou à janela. Chove abundantemente. O cheiro de terra molhada invade o meu espirito. Que cheiro bom. Verdadeiro e agradável. Cheira a realidade temperada. Realidade deliciosa. Mas é um dia feio e mau. Na rua continua a não exister viva alma.

Acho que estou sozinho no mundo. Entrei numa outra dimensão onde não existem outras pessoas. Não vejo ninguém. Nem carros, nem pessoas, nem barulho - exceptuando o da chuva. Passo pelo estendal, tiro uma camisola encharcada que foi surpreendida pela chuva. Deixo cair uma mola no chão. Agacho-me e caio no chão como uma criança. OK. Ainda estou a meio a dormir. Estou num estado alterado em que a minha cabeça não consegue orientar o meu corpo convenientemente. Talvez um treino puxado no dia anterior e o corpo dorido não ajude.

Sinto-me bem sozinho no mundo. Não há mais ninguém, portanto não há mais expectativas. Mais desejos. Mais empregos. Mais sociedade. A sociedade sou eu, ou seja, não há. O que fazer? É a questão mais preemente. Talvez se arranje uma aventura bem mais interessante... do que tem sido a minha vida nos últimos tempos. Bem mais emocionante. Bem mais digna de entretenimento - filme, série... enfim... . O único senão é que não há mais ninguém. Também não se pode partilhar feitos, tristezas e tudo o resto. Oh well. Vou experimentar. Nem que seja pelos próximos minutos.
Talvez vá sonhar sobre isto. Seria um mundo fascinante a explorar.
O que fariam as pessoas se mais ninguém estivesse olhar para elas? Aquelas que são mais excêntricas e gostam de se mostrar aos outros não teriam ninguém a quem se mostrar. Talvez ficassem mais pacatas. Aquelas que são timidas e só revelam mais as suas loucuras no interior dos seus quartos talvez levassem esse interior para o meio das ruas, agora que não há razões para ser timido. Enfim...

Um solitário mundo a explorar... num sonho perto de ti, serEmot.