segunda-feira, agosto 04, 2003

Almeida Garrett

(palavras fortes, mas no seio da loucura amorosa muitas vezes proferidas sem o significado inicial... porque amar não é dizer, é agir e sentir! amar não existe... pensa-se/imagina-se que existe... )
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- Não te Amo -

"Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n 'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado, [amar é forçado? porque não, se o poeta faz questão]*
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não. "

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*nota minha
Lembra-te dos sorrisos que não foram gargalhadas, mas foram interiores, repletos de cumplicidade e união entre dois seres que imaginam coisas em comum, de forma semelhante.