quarta-feira, fevereiro 01, 2006

strange

People are strange

People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down

When you're strange
Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name

When you're strange
When you're strange
When you're strange

People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down

When you're strange
Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name

When you're strange
When you're strange
When you're strange
Jim Morrison

Nos meus tempos de estudante tinha tempo para estar sozinho. Eram tempos de amizades fortes e desenvolvidas, ou não partilhássemos tantos espaços e aventuras juntos. Ou não gostássemos uns dos outros, pelo menos na altura. Com a entrada na "idade adulta", ou pelo menos na entrada no mercado de trabalho, para além da competição que se torna, em alguns casos, impiedosa, temos de lidar com a falta de liberdade. Nos tempos de faculdade era fácil ficar um dia inteiro sem ver pessoas, estando apenas comigo próprio. Ou então, haviam muitos dias em que passava 80% do tempo sem ter de ver ou trabalhar com pessoas. Hoje é impossível. Infelizmente. Era um prazer óptimo de disfrutar. Apesar de solidão a mais ser prejudicial, claro.
Por dia da semana, passo de 10 horas a 12/13 horas a trabalhar. E aí é impossível não ver pessoas, não contactar com elas, não ter de dar justificações, ter stresses em conjunto. As pessoas com quem trabalhar, dificilmente já são pessoas propriamente amigas - aliás, actualmente é o oposto mesmo. E além do mais, chega-se ao fim-de-semana, quando vou para a casa de origem (Caldas), tenho familía e amigos a que corresponder, em Lisboa outros amigos a corresponder - poucos, cada vez menos. Falta-me tempo para estar sozinho. Quando viajo com 60 pessoas no metro ou no autocarro estou sozinho, mas não é a mesma coisa, estou desconfortável com tantos "estranhos" à volta, eu sou um estranho para eles. No trabalho a situação não muda. Sou um estranho, não me conhecem, e eu não os conheço propriamente.

Sou estranho, sim. Mas quero estar sozinho. Mais. No momento exacto em que escrevo isto, estou, de facto sozinho.
No leitor toca: Riders On The Storm, do arrebatador Jim Morrison.
Na mente vão estes pensamentos.
Nas mãos vai a prática que faz com que estas palavras sejam escritas ao serem tecladas...
Ao lado está o caderninho preto.
Não está mais ninguém aqui.
Ninguém.
Só eu.
Que bom...