terça-feira, março 27, 2007

não sei

como é fazer a vida a escrever - poemas, comédia, romances, histórias, argumentos, vidas?


ACT 26-04-2007:
A resposta do argumentista Tiago R. Santos, meu futuro professor num workshop de escrita para cinema e tv das Produções Fictícias...


"Primeiro quero ser sincero. Acho que é difícil ensinar alguém a escrever. Ou se tem vocação ou não. É preciso ler muitos
livros, ver muitos filmes, viver a vida, entrar em confusões, cometer erros,
etc.

No outro dia, o António-Pedro Vasconcelos dizia-me que o problema dos actores portugueses é que não têm vida. Para um guionista, a responsabilidade é a dobrar.

Mas o que o curso te pode trazer é ajudar a que escrevas. Obrigar-te a
faze-lo. E conheces pessoas, estabeleces contactos, com um pouco de sorte
fazes amigos nos quais encontras alguém que olha para o mundo da mesma forma
que tu. E, claro, porque escrever um guião não é o mesmo que brincar com a
prosa, há regras que te podem ajudar e direccionar. E é para isso que nós,
os 'professores', servimos.

Quanto à profissão de argumentista, tenho alguma dificuldade em responder a
essa pergunta.

Já trabalhei em três filmes (um que vai estrear em Maio, outro que começa a
rodar no mesmo mês e ainda outro cujas filmagens estão planeadas para o
final do ano) e escrevo um programa diário para a Dois.

Como é que eu poderia falar de forma negativa da profissão?

Simples. Porque todos estes projectos têm um tempo de vida limitado. E,
quando tudo acabar, o que eu vou ter à minha frente são dias que, por agora,
estão em branco. Até que surja outra oportunidade. Há pessoas que lidam bem
com essa insegurança (chamam-se 'irresponsáveis'). Outros que precisam da
estabilidade de uma vida planeada. E, em Portugal, neste mercado tão pequeno
e complicado, é... qual é a palavra... ah... fodido. É isso.

Então porque é que eu quero ser guionista?
Simples.
Porque é a única coisa que eu quero fazer. E, acredita, já experimentei
outras. Mas não há nada como escrever uma boa linha de diálogo.

Isto é a minha experiência pessoal. Estou certo que há muitos outros
guionistas que te contam uma estória diferente. E tudo isto são informações
baseadas numa vida anterior às Produções Fictícias. Tornei-me associado há
pouco tempo e o Workshop será a primeira actividade concreta em que estarei
envolvido através das PF.

Será que o facto de ser associado das PF me vai facilitar a vida?

Pergunta-me outra vez daqui a 6 meses."